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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

As cinco etapas emocionais pra se fazer um texto


Salve-salve, internautas que compartilham desse sentimento cinzento provocado pelo fim de ano e esse tempo ótimo que paira sob os céus cariocas! 

Há pouco mais de uma semana, abrimos inscrição para o primeiro Escreve que eu te leio. A Equipe do CR recebeu inúmeros e-mails e chegou a hora de divulgar nosso texto escolhido. Nada melhor que uma metalinguagenzinha pra inaugurar os posts enviados pelos leitores! Parabéns, Willian Oliveira!


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por Willian Oliveira



Escrever um texto é extremamente difícil. Tento escrever de maneira razoável, em um tempo razoável. Talvez uma vez por semana. Mesmo com uma janela assim, é duro.

Como não tenho um dom divino, não posso fazer profissionalmente, então escrever virou mais um hobby. Foram sob duras penas que eu aprendi o básico. Mas mesmo assim eu ainda sofro com os transtornos psicológicos, provocados pela tentativa literária. Eles podem causar sérios danos cerebrais. Alguns exageram e chegam a compará-los com a morte.
Tais transtornos são divididos em etapas, com nomes auto-explicativos e numeradas na seqüência cronológica - conforme você vai avançando no desenvolvimento de suas palavras

A 1º etapa é a de Negação: Suponhamos que você teve um insight genial quando viu seu gato mijando e pensou, por que não? Saiu correndo, todo entusiasmado, direto para o PC, e quando abre seu editor de texto, desiste da idéia. Acha que o assunto é fraco. Isso é completamente broxante.
Essa é parte mais difícil. Ter a paranóia que sua idéia de falar sobre os efeitos de explosões atômicas no núcleo de Marte, que veio numa hora inusitada, vire motivo de risadas. Assim seu texto ficar como uma piada eterna na internet. Acabar como um Entei.
É difícil, mas crie coragem. Sua idéia pode valer ouro. Ou não. Porem, sempre continue, não desista logo na primeira etapa.

A 2ª etapa é a Raiva: Você venceu uma força quase sobrenatural, que te empurrava para longe do PC. E mesmo assim, foi duro na queda, lutou com unhas e dentes. Entretanto, quando olha para o seu texto, digitado com tanto carinho, e enxerga uma coisa horrenda, não tem como, sobe um ódio no coração. O sangue vem nos olhos. Tanto esforço pra sair uma porcaria. Sem sentido. Tosco. Ridículo. E fora os erros de gramática.
É nessa hora que você xinga todos os professores de Português até a árvore genealógica decada um chegar na sua família.
Vá tomar um ar.

A 3ª etapa é a Barganha: Após todo o espírito maligno que há em você estiver acalmado, chegou à hora de se convencer que seu texto é bom.
Seu orgulho é derrotado, você reconhece que é passível de erros, e pergunta para seus amigos, conhecidos ou pessoas totalmente estranhas se o seu texto está, no mínimo, em condições de lerem até o final. Pede ajuda para melhorar. E mesmo com as dicas, as chances de encontrar aceitação, e se convencer, são remotas. Na maioria das vezes, o caminho é a quarta etapa, amigo.

A 4ª etapa é a Depressão: Você lutou contra si mesmo, duas vezes. Gastou saliva e neurônios para convencer as pessoas. E no fim das contas, percebe que tudo foi em vão. Notou que não presta para esse tipo de coisa.

Agora você começa a chorar. Igual a um “emo”. Só que mais retardado. Essa parte de sua jornada textual você tem que vencer sozinho. Mas sem cortar os pulsos, por favor.
A 5ª e última etapa é a Aceitação: Depois de horas no consultório do psicólogo. E uma greve de fome rígida você decide postar o texto.
Finalmente aceita o texto como ele é. Mesmo tendo mais defeitos do que frases de acordo com as normas da língua padrão. Aprende que ver o produto final de tanto esforço não tem preço.

E mesmo tendo passado por tantos desafios, olha para o céu, azul, sem nuvens e vê uma pomba liberando seus dejetos na mão de uma criança de seis anos. Motivado pela conquista do seu último texto, tem outra idéia genial. Escrever como você odeia o Steve Jobs e Bill Gates. E passa por tudo isso de novo.

15 comentários:

  1. Hilário,
    ver "uma pomba liberando seus dejetos na mão de uma criança de seis anos" realmente é inspirador e revoltante.

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  2. Ótimo post! No exato momento eu estou na fase da negação, espero que consiga passar logo para a fase da aceitação!!

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  3. hahaha bem legal e bem escrito! parabéns!

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  4. Não é fácil não. Escrever não é fácil não. É angustiante. Já dizia Drummond:

    "Lutar com palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe a manhã."

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  5. Muiito bem escrito o texto!
    Estou na fase da depressão , oh vida .
    Mas sempre passa.
    Escrever não é fácil, mas é irresistível .
    Acho que sou masoquista.

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  6. kkkkk... inspirador!

    Escrever realmente é um processo "torturante" mais depois vem a satisfação de te-lo feito...

    =P

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  7. Nossa! Dramatico rs
    Sem brincadera, isso daria uma boa peça.

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  8. Texto que identifica e inspira, mesmo mostrando um pouco de revolta(o q é comum as vezes)rsrs'

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  9. Concordo com a Bruna (Escrever não é fácil, mas é irresistível). Faço Letras e sou amante nata das palavras, da leitura e da escrita!

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  10. Ah, uma discrição perfeita da tortura que é tentar escrever! Parabéns .

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  11. Não acho que seja torturante ou doloroso. O que dói não é escrever, e sim a expectativa e o medo do julgamento alheio. Quando quero escrever, escrevo pra mim; e partindo dessa paixão tento fazer sentido e falar de algo que faça a vida curta, ter brilho. ass: Olga

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  12. Muito legal o texto! Às vezes as etapas se misturam... Mas é mais ou menos por aí mesmo.

    Abraços!

    http://vivereler.blogspot.com/

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