Retos

POST CONVIDADO: por Nino Mauro

Retos. Nem pra direita nem pra esquerda. Homens de bem, a mais nova versão da hipocrisia cristã. São vencedores, superam os obstáculos, correm, atravessam as dificuldades. Correm mais, alcançam suas metas. Sua Meca é o racionalismo-funcionalismo-pragmatismo-utilitarista de São Paulo. Sua Paris é a ostentação fantástica e vazia de Dubai. Sua posição política é exclusivamente politicamente correta. Gostam da frieza burra da objetividade.

Estão em todos os lugares, em todos os mundos, em todas as vibes. Sua arte é mercadoria PopArt. Seu gênio da pintura e profeta é o Gentileza. Seus gurus são Paulo Coelho e Miriam Leitão. O Monge e a Executiva. Sua inspiração intelectual vem dos Willians. Tanto Wack como Bonner.

Também perdem a linha, se divertem e se jogam. Com sua roupa customizada em algum brechó de Nova York ou Ipanema. Se jogam na última vibe, no último som de um DJ internacional qualquer, tocando o mesmo tuntz-tuntz de sempre. Suas drogas são produzidas em laboratórios. Tudo controlado. Sintético. Minuciosamente vazio. A batida acelerada traz a sensação que estão em outra órbita, outro mundo. Em outra dimensão. Mas estão cravados em si e depois da última festa entram sempre em depressão. Não suportam a realidade. Mas continuam correndo. Condutas que marcam uma geração. Retrato de minha geração enquanto pobre.