Liberdade ao pum!

por Natacha Orestes

Como num mantra, repita comigo: eu peido, tu peidas, ele peida, nós peidamos, vós peidais, eles peidam. Todo mundo solta pum. É por isso que eu vou logo contendo a minha cara de ã? quando uma garota que eu conheço fala que não solta pum na frente do namorado com quem está há cinco anos.

Tudo bem. Começo de namoro é normal a cena: os dois indo dormir, apaixonados, “cuti cuti”, cheios de educação e gentileza. Então ele ou ela segura o peido, porque né, tem que fazer aquela média, dar aquela boa impressão.

Mas segurar o pum depois de, sei lá, um ano e meio de relacionamento? Que foda! Quantos puns são segurados durante um namoro? Dava pra economizar a grana do botijão, fala aí. E por que uma coisa tão natural, espontânea, que vem de dentro para fora, tem que ser sempre tão regulada? Oh, come on!

O relacionamento mais feliz que eu tive foi com uma pessoa que de repente peidou do meu lado e riu. Falei que ia ter troco. E teve. E a gente sobreviveu a isso. Eu não achei que ele era um ser humano mal educado por ter soltado um punzinho na minha frente. E nem ele me achou uma porca-monstra-esquisita-mulher-que-peida-fenômeno-da-natureza só por eu ter revidado.

Muito pelo contrário: nos tornamos ainda mais cúmplices, a ponto de eu estar em um carro cheio de amigos, sentir um cheiro e já saber de cu tinha saído aquele fedô. É fato que o pum liga as pessoas. Não sejamos hipócritas. Um dos melhores jeitos de se medir a intimidade é fazendo a seguinte pergunta: com quais pessoas eu me sinto tão confortável e destemido para flatular?

A intimidade subverte a educação. Tanto que todo mundo está cansado de ouvir aquele velho deitado: a intimidade é uma merda. Mas eu digo mais: a intimidade é uma merda, mas até que é cheirosinha. Ou você vai negar que a intimidade é uma coisa muito boa?

Então permita-se. Relaxe a esfíncter e tampe o nariz seja feliz! Quem não suporta o seu pior, não merece o seu melhor.