Feliz todo dia!

 por Julya Tavares

5, 4, 3, 2, 1... e lá se vai mais um dia. Podem me dizer o que for, mas pra mim virada de ano é apenas a chegada de mais uma meia noite. Não que eu não me empolgue com a novidade de mais um ano ou com o fato de ter vivido aquele que acabou de passar – sim, “passar”, porque os anos não morrem, somente passam, assim como cada instante presente que substituímos pelo futuro. Porém, há um tempo, cheguei à conclusão de que desejos abençoados por fogos de artifícios, sete ondas e presentes para Iemanjá não tem mais chance de serem realizados do que aqueles que são intensamente planejados durante o cotidiano. Na mesma barcaça estão os votos de aniversário e alguns sentimentos que, impressionantemente, só surgem no Natal. Ora, ora, não importa o significado que o 25 de dezembro tenha pra você, mas sabemos bem que não se perdoa apenas quando o Roberto Carlos aparece na televisão ou porque Jesus nasceu, seque pelo medo do bom velhinho não deixar aquele presentão que você pediu; e muito menos só se deseja felicidade quando alguém comemora mais uma primavera. Por mais clichê que possa parecer – e essa frase não cabe apenas à citada data comemorativa -: “Natal é todo dia”. 

Mas meu ponto em negrito não é nem o Natal, nem aniversário. Acho que no caso do Ano Novo, a problemática é ainda maior. Esperar para fazer as coisas no ano que vai nascer é que nem comer churrasco regado no final de semana e começar a dieta na segunda feira, ou seja, apenas um pretexto para adiar tudo aquilo que você pretende fazer com que seja diferente. Furada, galera! Pura malandragem. Sejamos sinceros com nós mesmos e com nossa consciência de que coisas em nós precisam mudar e que temos metas a cumpri já! Não há tempo a perder.

O fato do fim de ano nos dar a sensação de novidade faz com que acumulemos esperanças e é importante sabermos que não é o tempo que age em nós e sim o inverso. Como ouvi certa vez, é como se o tempo fosse uma rua e apenas caminhássemos sobre ela. Não quero fazer com que esse texto se pronuncie como “auto-ajuda”, mas que soe como filosofia de vida. Porém, não apenas nesse início de ano, mas pelo resto dele e até pelo que virá – desejo que você sonhe/planeje/aja tudo aquilo que pensou na virada do ano por todos os dias, que você construa suas mudanças, e que principalmente não espere que elas aconteçam devido a um momento supostamente mágico, pois, como disse certa vez Carlos Drummond de Andrade: “É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.” Feliz ano novo.